SOBRE E SOB A SOMBRA
A Física Quântica é a ciência das infinitas possibilidades e a ciência que estuda as complexas interconexões entre todo o Universo.
Segundo F. Capra, as interconexões tem até mais importância do que as “coisas” que se interconectam, porque estas coisas não existem como coisas inter-separadas, mas pensam e agem como se fossem coisas separadas.
As interconexões existem para provocar o exercício de expor a sombra (que é quem fomenta a crença da separatividade) e trabalhar na direção em que vai toda o movimento universal, que é a busca no estado original de Unidade.
Este movimento universal de homeostase e expansão é chamado pelos hindus de Sattwa Guna.
Todas as coisas que passamos e experienciamos na vida, imprimem uma informação psico-emocional em nosso inconsciente.
As coisas positivas que vivemos, nossas vitórias, os reconhecimentos, o afeto e apoio que tivemos, aquilo que conquistamos, os obstáculos que superamos, tudo isso vai imprimir informações psico-emocionais “positivas” em nosso inconsciente.
Por outro lado, as perdas, as traições, as faltas, as violências, as injustiças, as carências e as derrotas, vão imprimir informações psico-emocionais “negativas”.
Entenda-se por positivo e negativo aqui, não um julgamento moral, mas as polaridades energéticas universais. Até porque não acredito em nada que seja negativo, mau, errado ou ruim no Universo. Tudo são apenas aparências. Obstáculos para serem superados.
Então, o que chamamos de personalidade é o resultado destas duas instâncias que poderíamos chamar de a Luz e a Sombra em nós. A parte de nós que trabalha a nosso favor, e a parte de nós que trabalha “contra” nós. Aonde nós nos ajudamos e aonde nos atrapalhamos.
É como se tivéssemos um jogo de futebol acontecendo em nós permanentemente. O time da Sombra e o time da Luz. E a gente fica tentando fazer com que o pessoal do time da Sombra passe prá Luz.
Isto vem trazer diversos desdobramentos:
Primeiro, a necessidade de re-significarmos nossa Sombra – nossos defeitos, falhas, erros, imperfeições, dificuldades, limitações, bloqueios, raivas, tristezas, medos...
Nossa Sombra não precisa mais ser vista como um mal, como um castigo ou um estigma. Nossas dores e limitações não precisam ser mais vistas como algo inevitável e irreversível, nem como necessáriamente culpa dos nossos pais, de Deus, do governo, dos patrões, do sistema, ou pior, de nós mesmos.
Nossa Sombra é apenas o material de trabalho de que dispomos para nos aperfeiçoarmos nesta encarnação.
O que chamamos de defeitos e erros, são na verdade nossos obstáculos, testes, exercícios, aprendizados, treinamentos, e que, diga-se de passagem, foi tudo pedido , pré-contratado e atraído por nós para nosso desenvolvimento e evolução, numa parceria perfeita e inteligente com o Universo.
Nossa Natureza Real é a Unidade, o equilíbrio, a harmonia, a Felicidade, a Paz, o Amor e a Luz. Já fomos construídos prontos, perfeitos, apenas sofremos de uma profunda ignorância deste fato.
Absolutamente não somos pecadores, nem culpados e nem vitimas de nada e nem de ninguém.
Tudo em nós que não sejam as qualidades e virtudes citadas acima, não é realmente o que nós somos, é apenas como estamos no momento. Só tem realidade virtual dentro da realidade relativa que construímos. São nossas crenças, bloqueios, padrões, auto-imagem, personas.
No hinduísmo, estas informações psico-emocionais se chamam samskaras (impressões, que geram vasanas, tendências) e no Fogo Sagrado, chamam-se “corpos energéticos”.
E os hindus também consideram que todas as emoções ditas negativas, emanam de uma única emoção central, nuclear, que é o mêdo de morrer, e que, por sua vez, também tem origem em um medo ainda mais atávico, que é o mêdo da dissolução do ego no Todo, o mêdo de perder a falsa identidade individual.
Em segundo lugar, poderíamos dizer que a equação do crescimento pessoal é, inevitávelmente e invariávelmente : entrar na consciência aceitar fazer um movimento para transmutar e mudar.
- Trazer para a consciência através de reflexão, meditação e/ou terapia, nossas crenças e padrões limitadores, bem como nossa Luz, talentos e potencial. Mas só trazer para a consciência não é suficiente. Temos então que...
- Aceitar. Olhar para nós mesmos com maturidade, com neutralidade, sem comparar com nada nem com ninguém, entendendo a função do que nos acontece e aceitando que se está aqui neste laboratório planetário, neste teatro cósmico, para transformar a Sombra em Luz. Ninguém tem “cacife” para julgar ninguém, nem mesmo si a próprio. Tentativa e erro é justamente o que temos que fazer para aprender e crescer. Trazer a Sombra para a consciência, sem a aceitação subsequente, pode gerar muita culpa e muito stress.
- Finalmente, fazer um movimento para transmutar, re-significar, criar um novo padrão, expandir o que estava bloqueado, aprofundar. E o Fogo Sagrado vem como uma ferramenta altamente eficiente para promover as transmutações e re-significações necessárias, de uma forma rápida.
Estes são os três degraus do auto-desenvolvimento.
Mas é muito importante que consideremos também, duas características psico-emocionais fundamentais e bastante estruturais em nós, neste processo ilusório à que estamos submetidos (por nós mesmos), e que funcionam como verdadeiras armadilhas no processo evolutivo :
- A auto-imagem (quem eu acredito que eu sou) e a persona (quem eu quero – ou preciso – que os outros acreditem que eu sou), que está a serviço da auto-imagem para “equilibrá-la” e compensá-la.
- E temos que lidar ainda com dois (profundos, embora aparentes) estados de cisão:
A cisão externa (eu me sinto separado dos outros, da Natureza e de Deus), e a cisão interna (eu sinto a separação entre meu corpo, minha mente e minhas emoções).
É preciso muita auto-observação, muita neutralidade, muita humildade e respeito por nós mesmos, e muito trabalho interno, para podermos equacionar e integrar este atávico jogo de aparências.
Outra coisa também extremamente importante, é que re-signifiquemos o conceito e a função do chamado “Mal”.
A função do Mal não é destruir o Bem, como muitas religiões tem colocado de forma maniqueísta.
A função do Mal é se transmutar em Bem. O Mal é o Bem na polaridade desequilibrada, escura. A Sombra é a Luz no outro lado da moeda.
O “Mal” é o desequilíbrio que tem que se equilibrar, a desarmonia que tem que se re-harmonizar. É o exercício, o obstáculo, os testes, as provas.
E no processo de re-significação do Mal, temos que re-significar também o papel do demônio, de Satanás ou do diabo.
Imaginem se o mais alto ser da mais alta hierarquia angélica – Lúcifer (aquele que traz a Luz) – ia ser tomado por uma emoção tão humana e terrena como a inveja !!! E aí, caiu e virou um ser em guerra com Deus...
Lúcifer (que também trabalha na Egrégora do Ministério de Cristo), é o Ser de Luz que promove os obstáculos e exercícios necessários para o crescimento e a expansão de toda a Criação.
Na Mitologia Hindu, os demônios são sempre grandes devotos de Deus (em geral de Shiva), e sempre são liberados quando Deus os mata (geralmente Vishnu).
Imagine, por exemplo, um atleta de ponta de nível olímpico. Vamos dizer que seja um saltador em altura. O que ele faz ? Contrata um treinador que coloca a vara em determinada altura.
Aí este atleta treina duro, com disciplina, espartanamente, até que consegue saltar. Quando ele salta, e está lá todo feliz e orgulhoso, seu treinador sorri e... levanta um pouco mais a vara, e começa tudo de novo.
Por acaso este treinador significa o mal para o atleta ? Será que ele está trabalhando contra ele ?
Então, costumamos dizer de brincadeira, que quando Deus faz reunião de Ministério, quem está sentado à sua direita é Jesus, e à sua esquerda é Lúcifer, o “grande treinador”.
Claro que existem as regiões infernais. Claro que ao desencarnar muita gente vai para estes locais. Mas estes locais não são nada mais que projeções do nível vibratório e evolutivo interno da própria pessoa. O inferno e o Céu estão sempre dentro do homem.
Portanto, não desqualifique sua Sombra. Não diga “que droga, fiquei com raiva”, “estou com um medo horrível”, “que tristeza terrível”. Não negue nem menospreze as emoções chamadas negativas.
Aceite a sua inveja (in-veja, veja dentro o potencial que você pensa que só o outro tem), seus ciúmes, seus apegos, suas fraquezas. Olhe para elas com a visão da Águia – com neutralidade e equanimidade.
Também não procure fugir da sua Sombra focando na Sombra do outro, porque ao fazê-lo você só estará vendo a sua própria Sombra na Sombra do outro.
Conscientize, observe, sinta, perceba o aprendizado que você atraiu através destas emoções e sentimentos e libere-as. Senão elas ficarão se repetindo (e com intensidade progressivamernte aumentada) até que você faça algum movimento interno de liberação.
Grande parte das informações psico-emocionais positivas e negativas que construíram nossa personalidade, foram enraizadas na infância, justamente numa época da vida em que temos poucas condições de compreender de uma forma ampla e profunda o sentido e a função do que nos aconteceu, e as circunstâncias em que os eventos ocorreram.
Neste caso, o que fica mais contundente é o que se sente, dentro da perspectiva estreita do que se compreende.
Até porque muito antes de pensar nós já sentíamos.
Uma criança, por exemplo, que sofre violências do pai, não tem condição de avaliar que o pai também tem suas questões, suas dores e doenças, que também teve pais que tiveram pais...
O que fica marcado criando o trauma é o fato em si e seu sentimento.
A criança funciona dentro de uma equação simplista, mas geradora de toda uma série de sofrimentos emocionais : “se fizeram isto comigo é porque não gostam de mim. Se não gostam de mim, é porque não sou bom“.
Porque visceralmente necessitamos – e buscamos isso desesperadamente – sermos aceitos, reconhecidos e amados. E para receber isto, “fazemos qualquer negócio”, nos tornamos rígidamente perfeccionistas, ficamos neuróticamente “bonzinhos”, só pensamos nos outros e esquecemos de nós, e por aí vai...
E como o cérebro não reconhece a diferença entre o que aconteceu no passado e o que aconteceu hoje (Freud teria adorado saber disso!), as informações dolorosas ficam sendo permanentemente atualizadas, e o conjunto destas informações , são hoje as nossos traumas, crenças, padrões limitadores e bloqueios.
Ficamos carregando conosco todas as crianças sofridas que fomos, como se ainda as fossemos.
Quase tudo fruto de equívocos de perspectiva que mantém as emoções e a psique desequilibradas.
Precisamos liberar nossas crianças sofridas, devolvendo-as felizes ao passado, e passando a encarar e a lidar amorosamente com a Sombra como nosso precioso material de trabalho evolutivo.
É o primeiro passo para amar a si mesmo, que é o primeiro passo para amar ao próximo e ao Universo.
terça-feira, 13 de julho de 2010
quarta-feira, 7 de julho de 2010
A Visão Hindú sobre a estruturação do psiquismo
A VISÃO HINDÚ SOBRE A ESTRUTURAÇÃO DO PSIQUISMO
“Quem sou eu ?” é, sem dúvida, a pergunta mais importante do universo humano.
E é claro, “De onde vim e para onde vou ?”, “Quem é Deus ?”, e tantas outras perguntas do mesmo teor, vem na seqüência.
E em toda a história da Humanidade, o homem mergulhou intensamente na busca desta resposta.
Para tanto, criou inúmeras religiões, filosofias, mitologias, ciências e psicologias, sempre na ânsia ancestral e atávica, de desvendar aquilo que os índios norte-americanos chamam de “O Grande Mistério”.
A idéia central das culturas orientais e xamânicas – a Unidade – traz o conceito de que tudo é Um, de que o Universo é um único organismo, consciente e totalmente interligado e interagente, e que toda a percepção e sensação de separatividade é uma ilusão (Maya).
Os hindus chegam a dizer que a única doença de que nós realmente sofremos – todas as outras (físicas e psíquicas) são um desdobramento desta – é Avidya, a ignorância da nossa natureza real, a Unidade.
E é assim que nós nos sentimos : totalmente cindidos, fragmentados. Tanto externamente – nos sentimos separados de cada semelhante, da Natureza e do que acreditamos que seja Deus ; quanto internamente – corpo, cabeça e coração raramente estão em equilíbrio.
Na tarefa humana de caminhar para a Luz, em primeiro lugar é importante perceber que quando trabalhamos conosco no auto-conhecimento ou com outra pessoa (se formos terapeutas), estamos fundamentalmente lidando com duas instâncias altamente relevantes da personalidade - a auto-imagem e a persona – que são construções psico-emocionais limitadoras paradoxalmente desenvolvidas por nós - inconscientemente, na maior parte do tempo - para nos proteger.
A auto-imagem é “quem eu acredito que eu sou”. É o sistema de crenças que nós construímos em função das nossas experiências dolorosas e sofridas (e claro, das positivas e interessantes também), e que nos dão uma imagem e uma perspectiva geralmente distorcida de nós mesmos, e que na maior parte das vezes nós sentimos como sendo algo limitador e desfavorável, ou ao contrário (mas pela mesma razão), o ego infla e a pessoa se sente exageradamente o máximo, para não entrar em contato com suas dores.
A persona é “quem eu quero que acreditem que eu sou”. São as nossas máscaras e papéis sociais (o filho, o pai, o profissional, o cidadão, o marido, etc.etc.) que funcionam em parceria com a auto-imagem, e que procuram compensar esta, quando ela é desconfortável e parece ser desfavorável.
E a auto-imagem e a persona são competente e eficientemente fomentadas, mantidas e monitoradas pelo complexo ego/mente racional.
A auto-imagem e a persona são componentes importantíssimos na construção da nossa visão de mundo, a chamada “Realidade” (que é o que nós acreditamos que a vida é).
Outro movimento do psiquismo - que foi percebido por S. Freud bem no inicio da estruturação da Psicanálise - são as pulsões da busca do prazer e da evitação da dor. E todo o complexo psico-emocional trabalha neste sentido : o de nos manter afastados do contato com a dor.
Na infância, quando passamos por experiências traumáticas , estas impressões (o que sentimos com o que supomos que aconteceu) são “escondidas” no inconsciente. Freud chamou a isto de recalque. A intenção é que não tenhamos que estar sempre entrando em contato com nossas dores (ou do que o inconsciente acredita serem dores), pois seria insuportável viver assim, lembrando o tempo todo de tudo o que de ruim e sofrido nos aconteceu.
O problema é que estas dores continuam vivas no inconsciente, produzindo ao longo do tempo um sistema de crenças e padrões que irá contribuir decisivamente na formação do caráter e da personalidade, e também na somatização de doenças físicas, psico-emocionais e/ou sociais.
Ou seja, paradoxalmente , o mesmo procedimento interno que trabalha para nos proteger, nos limita e nos sabota, como um eterno exercício de obstáculo X superação e crescimento.
Vamos agora deixar a Psicologia Hindu dar um subsídio filosófico e psicológico :
Em primeiro lugar, se tanto as Tradições orientais quanto as xamânicas dizem que somos seres multidimensionais / holográficos, isto quer dizer que existimos simultaneamente em infinitos níveis, certo ?
Na Filosofia Hindu, temos duas formas de codificar as multi-dimensões do ser humano : uma trina - os Shariras, ou corpos - mais usada pelo Yoga, e outra quíntupla - os Koshas, ou envoltórios - mais usada pela Vedanta. São apenas divisões de caráter didático, já que estas dimensões não são tridimensionais, são holográficas, e estão todas simultâneamente se interpenetrando (assim como acontece com os Chakras).
Os Shariras ou corpos, são 3 : o Sthula Sharira ou corpo denso (o corpo físico), o Sukshma Sharira ou corpo sutil (o corpo de energia, o corpo emocional e o corpo mental) e Karana Sharira ou corpo causal.
É no Sukshma Sharira onde operam a Homeopatia, a Acupuntura, Reiki, Cura Prânica, Aromaterapia, Cristais, Cromoterapia, etc, para curar o Shtula Sharira.
Karana Sharira se chama corpo causal, porque é nesse nível onde se localiza a causa da ignorância primordial (Avidya). Mas é também neste nível que se localiza a Testemunha , a perspectiva interna neutra e observadora buscada na Meditação. É a “Visão da Águia” dos xamãs e é onde acontecem as canalizações e as conexões mediúnicas e sensitivas. E este também é o nível que faz a “interface” do estado de consciência separada com o estado da Unidade Absoluta ( Nirvana, Samadhi, Moksha, Kaivalya, Satori).
Os Koshas, são chamados de envoltórios (ou bainhas), porque são as camadas que ilusóriamente prendem e condicionam o Espírito (Atma). São 5 :
- Annamaya Kosha, ou corpo físico
- Pranamaya Kosha, o corpo de energia (que os ocultistas chamam de Duplo-etérico e os espíritas de Perispírito) . Neste nível circulam as Pranavaha Nadis (condutos energéticos que transportam os Pranas)
- Manomaya Kosha, o corpo psico-emocional. Neste nível circulam as Manovaha Nadis (condutos de energia que transportam Ojas, a energia mental. Ojas é a quintessência energética extraída dos alimentos pelos Dhatus – os 7 tecidos corporais)
- Vijñanamaya Kosha, o corpo psíquico
- Anandamaya Kosha, o corpo psico-espiritual.
Vijñanamaya Kosha é onde opera o discernimento, a capacidade de se escolher e discriminar entre o que é real ou irreal.
Assim como o Karana Sharira, Anandamaya Kosha é o portal, a interface para o estado da Consciência da Unidade.
O Sthula Sharira (bem como sua correspondente Annamaya Kosha) está relacionado a Guna Tamas ; o Sukshma Sharira (Prananamaya, Mano Maya e Vijñanamaya Kosha) está relacionado a Guna Rajas; e Karana Sharira (Anandamaya Kosha) a Guna Sattwa.
O complexo psíquico (que os hindus chamam de Antahkarana, ou órgão interno) é formado por :
- Buddhi. É a parte mais elevada do complexo psíquico. Num primeiro nível, Buddhi trabalha com o discernimento, as escolhas e as opções. Desde as escolhas inconscientes - como, por exemplo, as que faz o nosso sistema nervoso autônomo - passando pelas opções e escolhas conscientes do dia-a-dia, até a mais elevada das formas de discernimento que é o questionamento sobre o que é real e o que é irreal na existência ( que é o que os hindus chamam de Viveka). Em um nível mais elevado de atuação, Buddhi é a Mente Testemunha (a “Visão da Águia” dos xamãs), o nível da Meditação e da neutralidade, onde há observação equânime, sem julgamento.
Abarca também o Inconsciente.
Buddhi é quem sedia e administra os Samskaras - os registros e impressões psico-emocionais, que vão gerar os Vasanas (tendências e padrões).
O Buddhi atua no nível de Karana Sharira (e Vijñanamaya Kosha).
- Manas é a mente pensadora. Administra os estímulos que vem através da aferência dos sentidos (Jñana Indriyas) e da atividade da memória (Chitta , conteúdos do consciente e do inconsciente), administra as escolhas e opções de Buddhi, e produz os Vrittis (pensamentos, movimentos mentais, mente racional) e as respostas psico-motoras (Vasanas) através dos Karma Indriyas (órgãos de ação).
- Ahamkara, o ego. Trabalha em parceria com Manas na função de se manter a identificação da Consciência Una com o estado ilusório de separatividade (Maya). Os sentidos, o ego e a mente racional mantém a Consciência ilusoriamente identificada com a personalidade e com as Gunas (os movimentos impermanentes da Natureza).
E como este Anthakarana trabalha ?
Quando os nossos sentidos apreendem algum objeto, informação ou estímulo, dois mecanismos disparam automaticamente : o corpo mental associa ao elemento percebido um nome (Nama) e uma forma (Rupa) e o corpo emocional avalia se aquele determinado elemento me atrai (Raga) ou se eu o rejeito (Dwesha) – bem no estilo das pulsões “busca do prazer / evitação da dor” freudianas.
Em outras palavras os sentidos captam, a mente e o emocional enquadram e classificam e o ego identifica com eu/meu.
Assim enquadramos toda a Realidade Una em pequenas unidades ilusoriamente separadas, mantemos a ignorância da nossa Natureza Real, e ficamos vivendo aprisionados em uma realidade limitante construída por nós mesmos.
Se o estímulo ou informação que recebemos através dos sentidos (Jñana Indriyas) é alguma coisa muito forte e traumatizante, ou se por outro lado, são estímulos ou informações que se repetem com periodicidade, isto vai imprimir Samskaras (impressões psico-emocionais) no inconsciente, que vão por sua vez, produzir Vasanas (crenças, hábitos, tendências e padrões) e , juntamente com Citta (a memória) produzir os Vrittis (movimentos da mente, pensamentos, atividade racional).
Algumas imagens para exemplificar :
1. Imagine que o seu complexo psíquico é um lago : o reservatório em si, é a mente (Manas) ; o conteúdo – a água – é Chitta, a memória consciente e inconsciente ; o fundo do lago é o Ser, a Unidade coberta pela “poeira” de Chitta que forma “bancos de areia” (Samskaras) em função dos movimentos internos e da superfície (Vrittis) ; por sua vez, os movimentos ondulatórios da superfície são os Vrittis (pensamentos, atividade racional) e Vasanas (tendências) cujos padrões são produzidos pelo perfil topográfico do fundo (Samskaras).
Quanto mais nivelado e liso estiver o fundo, mais tranqüilas serão as águas da superfície.
2. Uma carruagem : Buddhi é o condutor, Manas são as rédeas, Ahamkara é a carruagem e os cavalos são os sentidos (Indriyas).
3. Estou em um campo e de repente vejo um touro enfurecido correndo em minha direção : os Jñana Indriyas captam a imagem , Manas processa a informação (“vendo um touro correndo”), Ahamkara identifica com o eu (“eu estou vendo um touro correndo”) , Buddhi faz as escolhas (“eu estou vendo um touro correndo e furioso, e vai me pegar. Tenho que correr”), e os Karma Indriyas executam a ação de fugir.
Bem, é claro que este processo, como todos os processos de auto-conhecimento e crescimento, deve ser acompanhado da fundamental fórmula : conscientizar aceitar transformar e integrar.
Sem a consciência e a aceitação dos nossos padrões e movimentos internos limitadores (ou da sombra, como bem denominou C.G.Jung) não podemos nos transformar e melhorar.
Mas a conscientização da sombra sem a sua aceitação com compreensão, neutralidade e compaixão, também não leva ao crescimento. Pode talvez levar à depressão.
Isto acontece também porque estamos terrivelmente infectados por um veneno criado pelo homem que é a culpa.
A culpa foi fomentada por algumas religiões com a exclusiva finalidade de manter a auto-estima pessoal baixa para assim poder-se dominar e manipular mais facilmente as pessoas.
Para respaldar a culpa inculcou-se a idéia de que somos pecadores congênitos, e que só teremos nossa salvação se nos submetermos a um Deus que nos julgará e que vive em um paraíso distante distribuindo castigos e recompensas. Isso tudo poluiu terrivelmente o saudável processo da evolução psico-emocional / espiritual humana, especialmente da cultura ocidental.
Junto com a aceitação de nossa sombra (que é apenas a ilusória – e temporária - ausência da Luz), precisamos também aceitar e resgatar nossa natureza divina e perfeita, e aceitar o fato de que nossa sombra é apenas a ignorância de nossa natureza real – a Unidade.
A sombra é o material de que dispomos para trabalhar nosso crescimento, são os exercícios, obstáculos, provas e testes que aceitamos trabalhar para evoluir.
É absolutamente necessário que substituamos a culpa pela responsabilidade. Não somos passivas marionetes do Universo. Somos seus co-criadores ativos.
Não existe necessáriamente nenhum Deus em guerra constante contra o Mal.
O chamado “mal” são os obstáculos, testes, dificuldades, exercícios, conflitos e confrontos que temos que lidar em nossa caminhada de crescimento.
Ou seja, a função do mal não é vencer o Bem, é se transformar em Bem. Assim como a função da sombra não é apagar a Luz, é se transformar em Luz.
Na Mitologia Hindú esta visão fica bem clara, ao colocar os demônios (Asuras) como devotos de Deus (Shiva) que eram geralmente Saddhus ou monjes que por alguma razão foram tranformados em demônios para cumprirem alguma função. E aí eles tem que ser mortos e liberados por Deus (Vishnu) para voltarem à sua condição de Santos e Sábios.
A vida que vivemos, o que somos e o que nos acontece é fruto 100% das nossas escolhas e opções – conscientes ou inconscientes, feitas nesta ou em outra(s) vida(s). E isto é a grande maravilha da vida, pois nos confere o poder de nos responsabilizarmos totalmente por nós mesmos e transformar totalmente nossa existência em qualquer tempo.
O fato de que o Universo é um único Ser totalmente integrado como uma grande teia holográfica, onde cada componente funciona como um ímã atraindo e repelindo energia, coisas, pessoas e situações – tudo devidamente gerenciado pelas leis do Karma, da Sincronicidade e da Ressonância – faz com que estejamos constantemente atraindo as coisas, pessoas e situações necessárias para nosso aprendizado e evolução. Esta é a forma que a Vida utiliza para nos ensinar.
Isto, além de demonstrar o funcionamento da fantástica Inteligência Universal, anula completamente qualquer possibilidade de culpas, castigos divinos, azar e vitimismos.
Então, a grande pergunta que devemos estar sempre nos fazendo cada vez que algo ou alguém desagradável cruza nosso caminho é : o que eu tenho que aprender com isso ? Porque eu atraí esta pessoa ou situação ?
“Quem sou eu ?” é, sem dúvida, a pergunta mais importante do universo humano.
E é claro, “De onde vim e para onde vou ?”, “Quem é Deus ?”, e tantas outras perguntas do mesmo teor, vem na seqüência.
E em toda a história da Humanidade, o homem mergulhou intensamente na busca desta resposta.
Para tanto, criou inúmeras religiões, filosofias, mitologias, ciências e psicologias, sempre na ânsia ancestral e atávica, de desvendar aquilo que os índios norte-americanos chamam de “O Grande Mistério”.
A idéia central das culturas orientais e xamânicas – a Unidade – traz o conceito de que tudo é Um, de que o Universo é um único organismo, consciente e totalmente interligado e interagente, e que toda a percepção e sensação de separatividade é uma ilusão (Maya).
Os hindus chegam a dizer que a única doença de que nós realmente sofremos – todas as outras (físicas e psíquicas) são um desdobramento desta – é Avidya, a ignorância da nossa natureza real, a Unidade.
E é assim que nós nos sentimos : totalmente cindidos, fragmentados. Tanto externamente – nos sentimos separados de cada semelhante, da Natureza e do que acreditamos que seja Deus ; quanto internamente – corpo, cabeça e coração raramente estão em equilíbrio.
Na tarefa humana de caminhar para a Luz, em primeiro lugar é importante perceber que quando trabalhamos conosco no auto-conhecimento ou com outra pessoa (se formos terapeutas), estamos fundamentalmente lidando com duas instâncias altamente relevantes da personalidade - a auto-imagem e a persona – que são construções psico-emocionais limitadoras paradoxalmente desenvolvidas por nós - inconscientemente, na maior parte do tempo - para nos proteger.
A auto-imagem é “quem eu acredito que eu sou”. É o sistema de crenças que nós construímos em função das nossas experiências dolorosas e sofridas (e claro, das positivas e interessantes também), e que nos dão uma imagem e uma perspectiva geralmente distorcida de nós mesmos, e que na maior parte das vezes nós sentimos como sendo algo limitador e desfavorável, ou ao contrário (mas pela mesma razão), o ego infla e a pessoa se sente exageradamente o máximo, para não entrar em contato com suas dores.
A persona é “quem eu quero que acreditem que eu sou”. São as nossas máscaras e papéis sociais (o filho, o pai, o profissional, o cidadão, o marido, etc.etc.) que funcionam em parceria com a auto-imagem, e que procuram compensar esta, quando ela é desconfortável e parece ser desfavorável.
E a auto-imagem e a persona são competente e eficientemente fomentadas, mantidas e monitoradas pelo complexo ego/mente racional.
A auto-imagem e a persona são componentes importantíssimos na construção da nossa visão de mundo, a chamada “Realidade” (que é o que nós acreditamos que a vida é).
Outro movimento do psiquismo - que foi percebido por S. Freud bem no inicio da estruturação da Psicanálise - são as pulsões da busca do prazer e da evitação da dor. E todo o complexo psico-emocional trabalha neste sentido : o de nos manter afastados do contato com a dor.
Na infância, quando passamos por experiências traumáticas , estas impressões (o que sentimos com o que supomos que aconteceu) são “escondidas” no inconsciente. Freud chamou a isto de recalque. A intenção é que não tenhamos que estar sempre entrando em contato com nossas dores (ou do que o inconsciente acredita serem dores), pois seria insuportável viver assim, lembrando o tempo todo de tudo o que de ruim e sofrido nos aconteceu.
O problema é que estas dores continuam vivas no inconsciente, produzindo ao longo do tempo um sistema de crenças e padrões que irá contribuir decisivamente na formação do caráter e da personalidade, e também na somatização de doenças físicas, psico-emocionais e/ou sociais.
Ou seja, paradoxalmente , o mesmo procedimento interno que trabalha para nos proteger, nos limita e nos sabota, como um eterno exercício de obstáculo X superação e crescimento.
Vamos agora deixar a Psicologia Hindu dar um subsídio filosófico e psicológico :
Em primeiro lugar, se tanto as Tradições orientais quanto as xamânicas dizem que somos seres multidimensionais / holográficos, isto quer dizer que existimos simultaneamente em infinitos níveis, certo ?
Na Filosofia Hindu, temos duas formas de codificar as multi-dimensões do ser humano : uma trina - os Shariras, ou corpos - mais usada pelo Yoga, e outra quíntupla - os Koshas, ou envoltórios - mais usada pela Vedanta. São apenas divisões de caráter didático, já que estas dimensões não são tridimensionais, são holográficas, e estão todas simultâneamente se interpenetrando (assim como acontece com os Chakras).
Os Shariras ou corpos, são 3 : o Sthula Sharira ou corpo denso (o corpo físico), o Sukshma Sharira ou corpo sutil (o corpo de energia, o corpo emocional e o corpo mental) e Karana Sharira ou corpo causal.
É no Sukshma Sharira onde operam a Homeopatia, a Acupuntura, Reiki, Cura Prânica, Aromaterapia, Cristais, Cromoterapia, etc, para curar o Shtula Sharira.
Karana Sharira se chama corpo causal, porque é nesse nível onde se localiza a causa da ignorância primordial (Avidya). Mas é também neste nível que se localiza a Testemunha , a perspectiva interna neutra e observadora buscada na Meditação. É a “Visão da Águia” dos xamãs e é onde acontecem as canalizações e as conexões mediúnicas e sensitivas. E este também é o nível que faz a “interface” do estado de consciência separada com o estado da Unidade Absoluta ( Nirvana, Samadhi, Moksha, Kaivalya, Satori).
Os Koshas, são chamados de envoltórios (ou bainhas), porque são as camadas que ilusóriamente prendem e condicionam o Espírito (Atma). São 5 :
- Annamaya Kosha, ou corpo físico
- Pranamaya Kosha, o corpo de energia (que os ocultistas chamam de Duplo-etérico e os espíritas de Perispírito) . Neste nível circulam as Pranavaha Nadis (condutos energéticos que transportam os Pranas)
- Manomaya Kosha, o corpo psico-emocional. Neste nível circulam as Manovaha Nadis (condutos de energia que transportam Ojas, a energia mental. Ojas é a quintessência energética extraída dos alimentos pelos Dhatus – os 7 tecidos corporais)
- Vijñanamaya Kosha, o corpo psíquico
- Anandamaya Kosha, o corpo psico-espiritual.
Vijñanamaya Kosha é onde opera o discernimento, a capacidade de se escolher e discriminar entre o que é real ou irreal.
Assim como o Karana Sharira, Anandamaya Kosha é o portal, a interface para o estado da Consciência da Unidade.
O Sthula Sharira (bem como sua correspondente Annamaya Kosha) está relacionado a Guna Tamas ; o Sukshma Sharira (Prananamaya, Mano Maya e Vijñanamaya Kosha) está relacionado a Guna Rajas; e Karana Sharira (Anandamaya Kosha) a Guna Sattwa.
O complexo psíquico (que os hindus chamam de Antahkarana, ou órgão interno) é formado por :
- Buddhi. É a parte mais elevada do complexo psíquico. Num primeiro nível, Buddhi trabalha com o discernimento, as escolhas e as opções. Desde as escolhas inconscientes - como, por exemplo, as que faz o nosso sistema nervoso autônomo - passando pelas opções e escolhas conscientes do dia-a-dia, até a mais elevada das formas de discernimento que é o questionamento sobre o que é real e o que é irreal na existência ( que é o que os hindus chamam de Viveka). Em um nível mais elevado de atuação, Buddhi é a Mente Testemunha (a “Visão da Águia” dos xamãs), o nível da Meditação e da neutralidade, onde há observação equânime, sem julgamento.
Abarca também o Inconsciente.
Buddhi é quem sedia e administra os Samskaras - os registros e impressões psico-emocionais, que vão gerar os Vasanas (tendências e padrões).
O Buddhi atua no nível de Karana Sharira (e Vijñanamaya Kosha).
- Manas é a mente pensadora. Administra os estímulos que vem através da aferência dos sentidos (Jñana Indriyas) e da atividade da memória (Chitta , conteúdos do consciente e do inconsciente), administra as escolhas e opções de Buddhi, e produz os Vrittis (pensamentos, movimentos mentais, mente racional) e as respostas psico-motoras (Vasanas) através dos Karma Indriyas (órgãos de ação).
- Ahamkara, o ego. Trabalha em parceria com Manas na função de se manter a identificação da Consciência Una com o estado ilusório de separatividade (Maya). Os sentidos, o ego e a mente racional mantém a Consciência ilusoriamente identificada com a personalidade e com as Gunas (os movimentos impermanentes da Natureza).
E como este Anthakarana trabalha ?
Quando os nossos sentidos apreendem algum objeto, informação ou estímulo, dois mecanismos disparam automaticamente : o corpo mental associa ao elemento percebido um nome (Nama) e uma forma (Rupa) e o corpo emocional avalia se aquele determinado elemento me atrai (Raga) ou se eu o rejeito (Dwesha) – bem no estilo das pulsões “busca do prazer / evitação da dor” freudianas.
Em outras palavras os sentidos captam, a mente e o emocional enquadram e classificam e o ego identifica com eu/meu.
Assim enquadramos toda a Realidade Una em pequenas unidades ilusoriamente separadas, mantemos a ignorância da nossa Natureza Real, e ficamos vivendo aprisionados em uma realidade limitante construída por nós mesmos.
Se o estímulo ou informação que recebemos através dos sentidos (Jñana Indriyas) é alguma coisa muito forte e traumatizante, ou se por outro lado, são estímulos ou informações que se repetem com periodicidade, isto vai imprimir Samskaras (impressões psico-emocionais) no inconsciente, que vão por sua vez, produzir Vasanas (crenças, hábitos, tendências e padrões) e , juntamente com Citta (a memória) produzir os Vrittis (movimentos da mente, pensamentos, atividade racional).
Algumas imagens para exemplificar :
1. Imagine que o seu complexo psíquico é um lago : o reservatório em si, é a mente (Manas) ; o conteúdo – a água – é Chitta, a memória consciente e inconsciente ; o fundo do lago é o Ser, a Unidade coberta pela “poeira” de Chitta que forma “bancos de areia” (Samskaras) em função dos movimentos internos e da superfície (Vrittis) ; por sua vez, os movimentos ondulatórios da superfície são os Vrittis (pensamentos, atividade racional) e Vasanas (tendências) cujos padrões são produzidos pelo perfil topográfico do fundo (Samskaras).
Quanto mais nivelado e liso estiver o fundo, mais tranqüilas serão as águas da superfície.
2. Uma carruagem : Buddhi é o condutor, Manas são as rédeas, Ahamkara é a carruagem e os cavalos são os sentidos (Indriyas).
3. Estou em um campo e de repente vejo um touro enfurecido correndo em minha direção : os Jñana Indriyas captam a imagem , Manas processa a informação (“vendo um touro correndo”), Ahamkara identifica com o eu (“eu estou vendo um touro correndo”) , Buddhi faz as escolhas (“eu estou vendo um touro correndo e furioso, e vai me pegar. Tenho que correr”), e os Karma Indriyas executam a ação de fugir.
Bem, é claro que este processo, como todos os processos de auto-conhecimento e crescimento, deve ser acompanhado da fundamental fórmula : conscientizar aceitar transformar e integrar.
Sem a consciência e a aceitação dos nossos padrões e movimentos internos limitadores (ou da sombra, como bem denominou C.G.Jung) não podemos nos transformar e melhorar.
Mas a conscientização da sombra sem a sua aceitação com compreensão, neutralidade e compaixão, também não leva ao crescimento. Pode talvez levar à depressão.
Isto acontece também porque estamos terrivelmente infectados por um veneno criado pelo homem que é a culpa.
A culpa foi fomentada por algumas religiões com a exclusiva finalidade de manter a auto-estima pessoal baixa para assim poder-se dominar e manipular mais facilmente as pessoas.
Para respaldar a culpa inculcou-se a idéia de que somos pecadores congênitos, e que só teremos nossa salvação se nos submetermos a um Deus que nos julgará e que vive em um paraíso distante distribuindo castigos e recompensas. Isso tudo poluiu terrivelmente o saudável processo da evolução psico-emocional / espiritual humana, especialmente da cultura ocidental.
Junto com a aceitação de nossa sombra (que é apenas a ilusória – e temporária - ausência da Luz), precisamos também aceitar e resgatar nossa natureza divina e perfeita, e aceitar o fato de que nossa sombra é apenas a ignorância de nossa natureza real – a Unidade.
A sombra é o material de que dispomos para trabalhar nosso crescimento, são os exercícios, obstáculos, provas e testes que aceitamos trabalhar para evoluir.
É absolutamente necessário que substituamos a culpa pela responsabilidade. Não somos passivas marionetes do Universo. Somos seus co-criadores ativos.
Não existe necessáriamente nenhum Deus em guerra constante contra o Mal.
O chamado “mal” são os obstáculos, testes, dificuldades, exercícios, conflitos e confrontos que temos que lidar em nossa caminhada de crescimento.
Ou seja, a função do mal não é vencer o Bem, é se transformar em Bem. Assim como a função da sombra não é apagar a Luz, é se transformar em Luz.
Na Mitologia Hindú esta visão fica bem clara, ao colocar os demônios (Asuras) como devotos de Deus (Shiva) que eram geralmente Saddhus ou monjes que por alguma razão foram tranformados em demônios para cumprirem alguma função. E aí eles tem que ser mortos e liberados por Deus (Vishnu) para voltarem à sua condição de Santos e Sábios.
A vida que vivemos, o que somos e o que nos acontece é fruto 100% das nossas escolhas e opções – conscientes ou inconscientes, feitas nesta ou em outra(s) vida(s). E isto é a grande maravilha da vida, pois nos confere o poder de nos responsabilizarmos totalmente por nós mesmos e transformar totalmente nossa existência em qualquer tempo.
O fato de que o Universo é um único Ser totalmente integrado como uma grande teia holográfica, onde cada componente funciona como um ímã atraindo e repelindo energia, coisas, pessoas e situações – tudo devidamente gerenciado pelas leis do Karma, da Sincronicidade e da Ressonância – faz com que estejamos constantemente atraindo as coisas, pessoas e situações necessárias para nosso aprendizado e evolução. Esta é a forma que a Vida utiliza para nos ensinar.
Isto, além de demonstrar o funcionamento da fantástica Inteligência Universal, anula completamente qualquer possibilidade de culpas, castigos divinos, azar e vitimismos.
Então, a grande pergunta que devemos estar sempre nos fazendo cada vez que algo ou alguém desagradável cruza nosso caminho é : o que eu tenho que aprender com isso ? Porque eu atraí esta pessoa ou situação ?
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