sábado, 27 de abril de 2013
BRINCANDO UM POUCO COM OS TIPOS
Acho que desde sempre - desde quando o ser humano se dedicou a pesquisar profundamente a si mesmo - acabou criando sistemas de tipologias para melhor poder entender e auxiliar a este mesmo ser humano em sua jornada evolutiva aqui no planeta.
Poderíamos citar por exemplo, o Yin/Yang da cultura chinesa, os Doshas e as Gunas do Ayurveda, os 4 humores de Hipócrates, os 9 tipos do Eneagrama, Jung também tipificou, entre muitos outros.
Como pensador e pesquisador (e consequentemente como observador e estudioso) também acabei criando os meus tipos.
Bem simples, bem generalistas (embora referenciados no meu universo pessoal e profissional), apenas como um exercício despretencioso só para poder ajudar a me entender um pouco mais e ao meu semelhante.
Então criei, nos meus devaneios filosóficos, duas tipologias que eu chamei de :
1. Pessoas Custo / Pessoas Ganho
2. Faladores e Escutadores
1. Dentre as frases e pensamentos que ouvi do meu pai e que foram muito importantes na minha formação, lembro-me de uma frase que é um verdadeiro alicerce na minha vida: “Em vez de você considerar que o custo é um preço caro demais para o ganho, pense que o ganho é uma enorme compensação para o custo”. Isso vale prá tudo e foi fundamental na construção do meu caráter e da minha personalidade “ganho”.
Bem mais tarde, através de um livro de PNL do dr.Lair Ribeiro, aprendi os conceitos de ganha-perde e ganha-ganha. A economia kármica saudável fundamentada, em ultima análise, na compreensão sistêmica da sincronicidade, da ressonância, e consequentemente da lei da atração.
Foi importantíssimo ter conhecido estes conceitos, que ampliaram mais ainda minha compreensão sobre este tema.
E mais prá frente ainda, em um filme -“O Segredo” – que nem gosto muito embora concorde totalmente com o espírito da coisa, me marcou muito aquele sujeito que aparece várias vezes recebendo contas pelo correio. No inicio de uma forma estressada e ansiosa, e depois de uma forma relaxada e confiante.
Em várias situações financeiras que me poderiam ter sido tensas e ansiosas, me lembrei do cara do filme e me reequilibrei.
E foi muito importante na minha vida essa compreensão de estar referenciado no ganho.
Isso não tem nada a ver, é claro, com irresponsabilidade ou omissão, ou em ser perdulário e não querer pesar os riscos e custos. Tem a ver com a qualidade da intenção (e da ação), a confiança em si e no Universo e a compreensão do processo sistêmico. E claro, no conhecimento de um pouco de marketing e de administração, graças à importantes pessoas que cruzaram meus caminho e me deram preciosos subsídios.
Passei por alguns momentos financeiros difíceis nos últimos 30 anos, mas em nenhum momento permiti que a minha mente e a minha vida focassem e naufragassem no medo de ficar sem grana, na ansiedade de ter que ganhar mais dinheiro (e mais rápido) e na tensão de não gastar para não faltar. Eu nunca vivi na perspectiva da dureza, da falta. E nunca me faltou.
Com toda a certeza se eu tivesse passado pelas coisas que passei na minha vida pessoal e profissional relacionadas a dinheiro, referenciado na perspectiva do custo, dificilmente eu teria ousado, arriscado, criado, e tido coragem para “dar a volta por cima” como eu sempre dei em todas as situações. E provavelmente teria sempre tido um alto nível de insegurança, tensão, ansiedade e stress.
Se você vive referenciado no custo, é claro que a vida é dura, as coisas são difíceis e tudo pode ser bastante pesado e lento. São muitas as “frases-crença” que povoam nosso inconsciente coletivo cultural: “A vida é muito dura”, “Dinheiro não cai do céu”, “Dinheiro não se consegue fácil, tem que suar muito”, “As coisas não vem de mão beijada, tem que ralar muito !”, “Dinheiro é um mal necessário”, e por aí vai...
As “pessoas custo” tem sempre na ponta da língua: o preço que custa/o tempo que gasta/o trabalho que dá, e geralmente não tem uma noção clara da diferença, por exemplo, entre custo e investimento e entre custo e benefício. E geralmente não tem uma noção clara em relação ao conceito de ganho indireto (ou ganho secundário) e a “química” da relação entre o uso do tempo e o uso do dinheiro.
E as “pessoas ganho” tem que estar atentas para não caírem na irresponsabilidade financeira e para não negligenciarem cuidados e salvaguardas.
Um sub-tipo que pode estar presente tanto nas “pessoas custo” como nas “ganho” são as “pessoas que esperam cair do céu” e as “que correm atrás”.
As pessoas que esperam cair do céu correm o perigo de desde não cair do céu até os acontecimentos demorarem muito mais do que elas desejariam (e do que seria “técnicamente” possível) para acontecer.
As pessoas que correm atrás (as “quem sabe faz a hora não espera acontecer”) tem que estar atentas para não atropelarem a vida (e os outros) na tentativa de controlar o Universo para que suas demandas sejam realizadas conforme seus desejos.
2. Quanto a segunda tipagem, dividi a humanidade em dois grupos : os faladores e os escutadores.
Em principio, um dos grandes aprendizados dos faladores é calar e escutar. E o dos escutadores é falar, se colocar.
Os faladores tem geralmente uma natureza mais Yang, mais Pitta (ou mais Vata), tem intelecto aguçado, articulado, discurso brilhante, envolvente.
Quando no desequilíbrio aparecem a raiva e a ansiedade.
Os escutadores são mais Yin, mais Kapha. Quando no desequilíbrio vem a baixa estima, a menos valia, a depressão, a angústia, o medo de mudar e o apego excessivo.
Terapeutas do tipo falador (como eu) que não se percebem faladores, correm o grande risco de centrarem a sua terapia na sua própria fala, já que os tipos faladores são geralmente muito apaixonados por sua cultura, conhecimento, inteligência e por sua vivência, e tem absoluta certeza de que o que dizem é de fundamental importância e relevância para o outro ouvir.
Se não estiverem atentos, ao invés de estarem prioritariamente escutando com atenção ao que o outro está falando, ficarão prioritariamente escutando e arquitetando mentalmente aquilo que vão responder.
Os terapeutas do tipo falador devem estar sempre atentos para o fato de que o mais importante em terapia não é a fala do terapeuta, e sim uma escuta amorosa e não julgadora por parte deste.
Um sub-tipo muito comum dos faladores é o tipo “Eu”, ou seja, pessoas que só falam de si e da sua história, e quando o outro fala e conta alguma coisa (quando consegue espaço para falar) sempre aproveitam a fala do outro (e quando não o interrompem) para contar que também fizeram ou tem aquilo, e já engrenam na sua própria história.
E quando são do sub-sub tipo “Eu sou, faço e/ou tenho o melhor”, vão dizer que o seu é o melhor ou fazem aquilo muito mais bem feito...//Ernani Fornari
quinta-feira, 25 de abril de 2013
GANHA/PERDE OU GANHA/GANHA ? A ECONOMIA DA ALMA.
Infelizmente ainda vivemos sob a ideologia do “ganha-perde”, ou seja, temos ainda muito incutida em nossa cultura a idéia de que para se ganhar alguém precisa perder.
É assim que se construiu, por exemplo, o sistema capitalista com sua conhecida pirâmide social, onde poucos ganham (dinheiro e poder) em detrimento de milhões.
E é esta filosofia que está se destruindo todo o planeta.
É desse ganha-perde que estão impregnadas todas as nossas relações (lembra da lei de Gérson? - a cultura do “se dar bem” e do “levar vantagem em tudo”). Não só no sentido profissional e financeiro, mas também no psico-emocional .
É urgente re-implantar-se o “ganha-ganha” nas relações interpessoais e nas relações do homem com a Natureza.
E é preciso que isto aconteça internamente também. É preciso que nos apercebamos dos chamados “ganhos secundários ou indiretos”.
Porque estamos mantendo uma doença ou um padrão doloroso ? O que será que nossa mente pensa que estamos ganhando mantendo um bloqueio ou uma limitação?
É o que ocorreu, por exemplo, com uma senhora que atendemos como cliente e que mantinha algumas doenças para que os filhos a visitassem.
Não existe nenhuma possibilidade de ganho real para nada nem para ninguém, em nenhum setor da vida, se este ganho for obtido em detrimento da perda, prejuízo ou sofrimento de alguém ou de alguma coisa (incluindo principalmente nós mesmos, claro).
É absolutamente necessário que se faça definitivamente no planeta um upgrade do 3º. para o 4º chakra na Humanidade, que é o que a Gaya vem tentando através dos Avatares ao longo de toda a história da Humanidade.
Talvez seja este upgrade que Kardec chamou de ”passagem da condição de expiação para a de regeneração”.
A guerra é um exemplo típico de desequilíbrio coletivo do 3º. Chakra : eu quero a terra do outro (ou o petróleo, ou o que quer que seja que não é meu) e dane-se o outro, eu invado e roubo. É o mais tácito exemplo de ganha / perde que o mundo presencia.
E este mecanismo se reflete em todas as nossas relações. Quantas vezes não queremos (ou o outro quer de nós) o tempo, o ouvido, o dinheiro, o sexo, a paciência do outro, sem se importar com este outro ?
Cada pessoa “contamina” magnéticamente seu meio. Positiva ou negativamente.
Por isso os Cristos e os Buddhas influenciam tanto o coletivo.
Mahatma Gandhi dizia que “uma só pessoa que realiza a plenitude do Amor, neutraliza o ódio de milhões”.
Estamos todos interligados numa espécie de vasos-comunicantes cósmico.
Estamos trocando e nos inter-influenciando o tempo todo, num grande movimento universal de homeostase rumo ao equilíbrio e à transcendência.
//Ernani Fornari
SOBRE FELICIDADE E SOFRIMENTO
Buddha dizia que sofremos porque temos desejos.
Algumas pessoas – geralmente em função de conceitos religiosos - podem pensar que há algo errado em desejar, já que desejar é natural no ser humano.
Claro que não há nada errado em desejar. O desejo é quem move nosso movimento evolutivo.
Mas se ancoramos excessivamente nossos desejos em coisas externas (pessoas, objetos, eventos, sensações), certamente vamos entrar na “roda viva” do sofrimento, porque a mente e os sentidos nunca se saciam do prazer fugaz trazido pelas coisas externas. E quando as temos, sofremos pelo medo de perde-las. E sofremos quando as perdemos, até porque “prá sempre” é uma invenção da nossa cultura.
O sofrimento é a distância entre o que você deseja e o que é. E resistir ao que é só mantém e aumenta o sofrimento.
Talvez a coisa mais difícil de se ensinar a uma pessoa que está estudando para ser terapeuta é a diferença entre a intenção de curar e o desejo de curar.
Intenção de curar é estar no foco, fazendo o que é possível fazer, com desapego pelos resultados. Desejo de curar é quando queremos manipular o processo, passando por cima do fato de que é o Universo quem controla. E esta atitude certamente é uma porta para as frustrações e para o ceticismo.
Não há nada errado com o prazer, com gozar das coisas bonitas, agradáveis, gostosas, ainda que passageiras.
Só não podemos confundir prazer com Felicidade (com letra maiúscula).
Felicidade (ou bem-aventurança – Ananda – como dizem os hindus), é o estado de estar integrado com o Amor Universal.
Em um nível bem mais humano existe ainda um fator complicador, pois inventaram que a tal felicidade é um estado sem sofrimento. Mas relembrando Drummond “a dor é inevitável, o sofrimento é opcional”.
Isso embola com outro fator também complicador que é uma crença de algumas religiões de que sofrer é uma coisa boa aos olhos de Deus e que o sofrimento é fundamental e essencial para a evolução humana.
Estes equívocos todos fazem com que se entre em verdadeiros estados compulsivos, onde desesperadamente se busca a completude em coisas ou pessoas que nunca vão poder dá-la, já que o que é impermanente não pode outorgar nenhum estado interno que seja permanente, absoluto.
É como tentar se preencher com vento.
Isso tudo é fomentado em nosso psiquismo por aquilo que Freud chamou das pulsões básicas da busca do prazer e da evitação da dor.
E o sistema capitalista se aproveita disso e capricha em criar de forma absolutamente maquiavélica e eficiente - através da mídia e da propaganda - desejos e necessidades “artificiais” que jamais serão realmente saciadas, produzindo uma escalada de vício e dependência.
Hoje temos instituições do tipo AA (Alcoólicos Anônimos) para quase todas as áreas da vida : Sexólatras anônimos, Comedores compulsivos, malhadores de academia compulsivos, workaholics, usuários de informática e de vídeo game compulsivos, etc.
Viva a vida buscando o belo, o gostoso, o agradável e o prazeiroso mas lembre-se de que a maior virtude é a do desapego.
Como na verdade nós não temos controle sobre quase nada, o desapego (que não tem nada a ver com indiferença, complacência ou omissão) faz com que a felicidade humana seja viável, na medida em que nos responsabilizamos pelo que nos acontece e aprendemos com aquilo que atraímos, e assim voltamos cada vez mais rapidamente para um estado de serenidade e equilíbrio cada vez que a vida nos traz experiências difíceis e dolorosas.
Aceitar o que vem do Universo com consciência e maturidade, pois como dizia Buddha, a existência é sempre anitya, impermanente, tudo passa, tudo passa...
//Ernani Fornari
SOBRE CONCEITOS E PRECONCEITOS
Há alguns anos atrás em meio a uma conversa “papo cabeça” onde estava presente uma pessoa, que não me lembro mais quem era e nem se era católica ou evangélica, mencionei en passant os Orixás.
A pessoa em questão na mesma hora fez uma cara meio entre o horror e o nojo (expressão esta que depois voltei a ver várias vezes em outros papos na presença de outras pessoas cristãs), e proferiu alguma “verdade” preconceituosa tipo “Orixás são demônios” ou algo do gênero.
Aí perguntei para esta pessoa se ela acreditava nos Anjos, e ela prontamente me respondeu que sim.
Em seguida perguntei o que ela achava que os Anjos eram, ao que ela me respondeu que os Anjos eram seres que Deus havia criado para cuidar da Criação e do ser humano.
Não querendo polemizar, pensei cá comigo que se esta pergunta fosse feita, por exemplo, a um babalaorixá africano (Quem são os Orixás?) ou a um brahmane hindu (Quem são os Devas?) muito provavelmente a resposta seria exatamente a mesma.
E fica aqui a reflexão : como é maravilhosa a natureza absolutamente democrática de Deus que respeitou a enorme diversidade da humanidade, e se apresentou a cada povo ao longo da História respeitando profundamente as suas características geográficas, históricas, raciais e culturais.
Seria realmente um absurdo divino, por exemplo, os negros africanos ou os vermelhos nativos das Américas acessarem os Seres Divinos como anjos de pele branca, louros, de cabelos lisos e longas vestes...
Ao mesmo tempo parece não ocorrer aos cristãos que os povos negros, indígenas e orientais possam ter também uma visão demoníaca – e talvez com muito mais razão – a respeito de uma religião que manteve uma inquisição por mais de um milênio matando muito mais gente que as duas guerras mundiais por motivos torpes, fomentando pilhagens e chacinas chamadas de Cruzadas, sendo conivente (ou no mínimo omissa) com os genocídios e a escravidão que ocorreram nas 3 Américas, e mais recentemente acobertando a pedofilia e outros escândalos no Vaticano. E isso só para citar uns poucos fatos, pois tem muito mais.
Portanto evocando o amor ao próximo, a caridade e a compaixão que estas mesmas religiões cristãs pregam (mas não parecem praticar) eu digo: Salve S.Jorge ! Salve Ogum !
//Ernani Fornari
SOBRE SANTOS E DEUSES
Ernani Fornari
Interessante como as igrejas evangélicas não entendem que Jorge, Francisco de Assis, Antonio, Inácio, Bento e tantos outros cristãos maravilhosos cujas vidas foram e são exemplos de fé e de virtude, não tem culpa nenhuma se a igreja católica deu para eles o título de "santos" e estimulou uma espécie de idolatria como se só eles tivessem o email de Deus.
Interessante como as religiões cristãs com sua obcessão por culpa e pecado - ao contrário por exemplo das orientais - não conseguiram entender que já nascemos perfeitos e prontos, só que ignorantes desse fato. Senão o que mais significaria sermos feitos "à imagem e semelhança de Deus" ?
Por isso os Santos, Anjos, Gurus, Devas e Orixás rigorosamente não nos podem dar nada, pois já somos essencialmente plenos e perfeitos e não nos falta nada.
Mas estes mesmos Santos, Anjos, Gurus, Devas e Orixás fazem um trabalho indispensável e importantíssimo ao nos ajudarem a descobrir e realizar que já somos o Deus que tanto (e inutilmente) buscamos fora.
Interessante também foi o processo da formação dos mitos, quando cada cultura colocou externamente, de maneira antropomorfizada, todas as virtudes, potencialidades e qualidades que todos temos dentro mas ainda não experienciamos plenamente. Aí cada cultura construiu sua própria estrutura mítica - sua mitologia - de forma a constantemente espelhar para nós a nossa própria natureza essencialmente una e divina.
Para os orientais os santos e deuses, como expressões do mesmo único Deus, são como que símbolos cuja função maior é nos lembrar (e nos inspirar) continuamente de nossa natureza una e perfeita.
Interessante como mesmo assim, ainda continua-se buscando fora aquilo que já se tem dentro, num exercício quase infantil de idolatria e de mendicância espiritual.
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