sexta-feira, 8 de março de 2013

CRIACIONISMO E/OU EVOLUCIONISMO ?

Foi há muitos anos atrás, quando aluguei meu sitio para uma família adventista que ficou tentando acirradamente me converter para o Criacionismo (embora eu não empunhasse nenhuma bandeira darwiniana), que tive o primeiro insight sobre se estas duas correntes de pensamento teriam obrigatoriamente que ser antípodas, antagônicas, ou se de repente, quem sabe poderiam ser complementares. E isso me linkou imediatamente com uma palestra de um monge indiano que assisti nos anos 80, quando lá pelas tantas ele contou que uma vez estava fazendo uma palestra em um mosteiro católico, e no final um dos monges lhe perguntou se ele acreditava que Deus havia criado o mundo. E o swami respondeu ao monge que, segundo a sua tradição, ele acreditava que não só Deus havia criado o mundo como o estava criando constantemente. Então a pergunta que não quer calar é: Porque Deus não pode realmente estar criando (como querem os criacionistas) incessantemente a vida como um complexo processo evolutivo (como quer a ciência) ? Qual é realmente o problema dos criacionistas com a possibilidade de um processo evolutivo ? Porque a possibilidade de Deus ter feito tudo pronto e acabado é mais bacana do que a Criação se processar nesta dinâmica e constante expansão da vida que os orientais, os xamãs e a Física Quântica conhecem tão bem? E quem disse que Deus criou um produto final acabado ? A Bíblia? Ok. E isso vai nos remeter para uma outra questão também muito interessante: Os criacionistas se baseiam justamente no livro do Genesis, que até detalha o que foi criado em cada um dos 7 dias, para formularem os seus argumentos. Bem, nos primórdios da Igreja quando os lideres de então se reuniram para estruturar o que se tornou a Bíblia Sagrada, resolveram anexar ao material cristão (os evangelhos e as epístolas, entre outros) – que eles chamaram de Novo Testamento – a Torah judaica, que chamaram de Velho Testamento. Ora, se o Genesis é o primeiro livro da Torah, porque os cristãos ao invés de resolverem dar a um mito uma interpretação literal, não foram perguntar aos rabinos judeus o que aquele texto realmente queria dizer? Até porque não faz muito sentido anexar na escritura de uma religião um livro de uma outra religião e ainda mudar o sentido e a interpretação do que foi escrito. E exatamente foi isso que a Igreja fez. Se Jesus disse que não veio mudar a lei (e deve ter sido porque ele era judeu que resolveram colocar a Torah na Biblia), porque então os cristãos não aceitaram a exegese judaica do Genesis ? Além do texto ser claramente um mito da criação - como tantos outros que a Humanidade produziu ao longo da sua história - sabemos que a chave deste conhecimento que foi canalizado por Moisés está no estudo profundo daquilo que os judeus chamam de Kabalah. Ou seja, só os judeus que estudam a Kabalah que podem saber o que realmente o Genesis (bem como todo o Pentateuco) quer dizer ! E me parece que procurar saber sobre isso é mais inteligente do que ficar tentando provar que a criação do mundo só tem 6000 anos e que o teste de carbono 14 é mais uma das fantásticas formas de Satanás nos atormentar e enganar. (ERNANI FORNARI, março 2013)

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